Encontrei nos meus papéis, na minha bagunça, alguns textos que escrevi, como exercícios da escola, quando tinha 13 anos. Resolvi, então, postá-los (alguns) como uma sessão de "vale a pena ler de novo"!! Nada foi modificado. E foram escritos quando morava em Corumbá, MS. Ambientados naquela época, naqueles tempos. Seguem, então dois pequenos textos a seguir:
O Crime
O seu coração batia aceleradamente. Suava frio. Tinha o olhar aflito e não sabia o que fazer. O que acontecera? Até agora não entendia. Procurava compreender mas não chegava a nenhuma resposta. Fora tudo tão rápido e inesperado. Sem explicações.
Era noite e um sujeito bem vestido que aparentava ter dinheiro passava por uma rua. Estava escondido próximo a um depósito abandonado. Tinha em posse um revólver.
O barulho do tiro quebrou o silêncio da noite. O homem caiu. Não podia estar morto. Mas estava. O desespero tomou conta do seu pensamento. Não sabia aonde ir. Mas, ali, não poderia ficar. Era tarde demais. A desgraça acontecera.
O corpo caído no chão não saía de sua mente. Como poderia ter chegado a esse extremo? Era tão jovem. Não queria ser preso, não queria matar ninguém.
A escuridão da noite adentrava em sua alma que estava em trevas como num profundo abismo sem volta. Como poderia ter feito isso? Estava sozinho nos seus pensamentos e era culpado. Era um criminoso.
As lágrimas rolavam em sua face, conseqüência do arrependimento e remorso que tomavam conta do seu ser. Quanto mais se passava as horas, mais ficava desesperado, pois imaginava que quando amanhecesse o corpo seria descoberto e a polícia estaria a sua procura. O barulho das sirenes, as grades da prisão, o corpo entre sangue. Era tudo tão horrível.
Por mais que o tempo passasse, aquele crime não seria esquecido. Ele seria uma terrível lembrança constante na mente do jovem rapaz. Era o fim da sessão policial da Rádio Guarani.
Esperando a namorada
Vestiu o seu terno com a gravata borboleta. Penteou-se e não se esqueceu do perfume. Deveria estar tão quadrado! Quase desistiu. Mas animou-se ao pensar que meninas como a Bia gostavam de rapazes à moda antiga. Sua timidez ajudava um pouco. Mas aquele terno ridículo era difícil de suportar. Esperava que nenhum dos seus amigos o visse daquele jeito. Não que ele não fosse romântico. Mas um encontro às 15h da tarde, de terno e gravata em pleno sol, na praçinha?!! Não há romantismo que agüente!!
Passou na floricultura. Seria um encontro perfeito. Tinha que ser, afinal a sua mesada se fora comprando as flores. Poderia tê-las furtado de um jardim qualquer. Mas estivera tão ocupado em arrumar sua roupa que não sobrara tempo suficiente para isso.
Estava tão nervoso e ansioso que chegou uma hora adiantado. Para refrescar e acalmar os nervos comprou um sorvete. Colocou as flores no banco da praçinha e começou a tomá-lo. Será que estava muito adiantado?
Estava tão preocupado que acabou derrubando o sorvete na sua calça. Como era desastrado! Se a Bia o visse, o que iria pensar? Um cara que não sabe nem ao menos tomar um sorvete?!! Era melhor que limpasse e consertasse o desastre. Mas era tão desajeitado que terminou piorando a situação. O jeito era disfarçar inventando uma mentira. A lavadeira havia manchado a sua calça!
Levantou-se do banco e começou a andar de um lado para outro. Estava impaciente demais para ficar sentado. Estava tão distraído que afastou-se do banco e não viu a tabuleta de “Não pise na grama”. O guarda que estava por perto não deixou por menos. Deu-lhe uma pequena multa que arrasaria a sua mesada que nem havia ainda recebido.
Resolveu voltar ao banco. Ficou tão aborrecido que não se lembrou das flores e terminou sentando-se em cima delas. Lá se fora o seu dinheiro! O que mais poderia lhe acontecer naquele dia?
Já se passara do horário marcado e nem sinal da Bia. Então, resolveu voltar para casa. Para completar o seu azar, no caminho de volta, começou a chover e quase foi atropelado por um carro. Não era mesmo o seu dia! Precisava se benzer pois era muita falta de sorte para uma pessoa só.
Chegando em casa, trocou de roupa e já começava a espirrar. Tinha pegado uma gripe. O telefone tocou. Era a Bia muito zangada e ofendida. Aquele, definitivamente, não era mesmo o seu dia...Só então percebeu que tinha ido à praçinha errada!!
Fui!!! : )
Adorei as duas, e sabe, vou comprar uma gravata borboleta...
ResponderExcluirBjuuxxxx
Hehehe...um bom domingo para você Carlos!! :)
ResponderExcluirOi amada,
ResponderExcluirAdorei teus textos antigos, até me deu vontade de procurar os meus dessa mesma idade tua. São ótimos e pelo que vi, você nasceu pra isso..escrever.
Bju, obrigada pelo carinho e bom domingo.
Dose certas de suspense e lirismo.Gostei demais.
ResponderExcluirBravo!
Abraços,
Calu
Oi, Lidia querida:
ResponderExcluirQue bom que gostou dos textos. É..já faz tempo..hehe!! Obrigada pelo carinho. Beijos, bom domingo ;)
Oi, Calu, bom dia, obrigada pela alegria, beijos no seu coração ;)
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