“Pavão misterioso, pássaro formoso. Tudo é mistério, nesse teu voar”, diz a letra da canção. Mistério e formosura certamente diminuem ao olharmos para os pés do referido bichano. Não são mesmo tão bonitos quantos as cores da sua plumagem. Seu porte altivo e garboso. O assunto veio à baila com uma frase dita pelo marido. “Olha teus próprios pés, pavão”!! Pés à parte, foi o suficiente para minha imaginação criar asas. O que temos para falar, para transmitir é sempre o melhor. É o que pensamos. E, hoje, não estava muito a fim de ouvir o assunto abordado por meu inspirador do dia. Ele não titubeou. Sacou do referido dito popular, mirou e acertou em cheio minhas elucubrações. Calou minha falta de polidez. A paciência muitas vezes escapa por entre nossas mãos e vai parar nos nossos pés. Pés de pavão.E quantos os possuem. Inclusive, nós dois. Basta dar uma olhadinha nos nossos relacionamentos familiares, no trato com os amigos, na relação com a natureza, na maneira como tratamos o Ser Supremo. Ausência de delicadeza, de civilidade, de cortesia. “Eles são muitos, mas não podem voar”, continua a canção. Pés de pavão, que me fazem sonhar. De fato, nenhuma criatura é totalmente perfeita. De exuberante beleza, corre com pés não tão formosos assim. Presos na terra sem o alto céu alcançar. Ah, mas se os pés não conseguem, o coração bem cultivado, adubado com paciência, certamente, conseguirá. Um beijo meu querido, toda ouvidos. Diga, fale, que lhe ouvirei. Mas vale a paz do seu sorriso que o orgulho de constatar pés tão feios assim...hehe!! Meus pés não são do bicho pavão, mas estão pertos. As unhas precisam ser pintadas. Pintadas com as cores do verão!!!
Um bom domingo a todos, com muito amor no coração! : )
Cada um tem seu próprio jardim...os jardins são "mundos" feitos de sonhos, feitos de luz. Eles revelam as almas de quem os cultiva. Plantas, flores, bosques. Jardins de malva, de aromas. Jardins são assim...campos de lavanda, coroas crepitantes de abelhas sem fim!! Jasmim!!
O amor pela vida não tem medida. Vida no asfalto. No cimento, no concreto. Vida perdida. Em busca de um chão, duma saída. Vida que é movimento. Que percorre tormentos. Ondas de um mar agitado. Naufrágio de vidas. Vida, sempre vida. Vida sofrida, espoliada. Vida sagrada. Quiçá esquecida. Vida medida pelo tempo, pelos eventos, pelos fatos. Passagem da potência para o ato. Movimento essencial. Vida na selva de pedra. Na grama molhada. Na paz tão sonhada. Tão necessitada de cada um de nós. Vida a sós. Compartilhada ou não. Vida passada, rabiscada num papel de pão. Vida que dorme numa bolha de sabão. Sentimentos arcaicos num mundo desajustado. Tão habituado ao passageiro, ao superficial. Porém, a vida é movimento essencial. Não volta atrás. Traduz perfeição. Acelera os passos. As batidas de cada coração. Vida severina. Vida animal, vegetal, mineral. Movimento gerativo. Qualitativo. Fundamental. Vida suada, massacrada. Vida, sempre vida. No ato pensante. No pensamento que atua. Na frase sem nexo. Nos casos de rua. Nos bares, na noite. Na casa vazia. Nos sonhos acalentados. Nos bêbados das praças. No mundo, no cosmo. No caos da cidade. Na parada do ônibus. Movimento geral. No cais do porto. Em terra firme ou em alto mar. Saudades que deixa para trás. Singra com suas dores. Num movimento que passa. Que vai. Veleja, marujo. Pois a vida não espera. Nem lhe trará a resposta. A vida é passagem. Caminho que se faz. No presente, no hoje, no agora. Já! Vida, sempre vida. Nada importa nem faz sentido. Apenas a vida, com seus prós, com seus contras. Limitada, condicionada, contida. Sempre vida será. Mutilada, machucada, não importa, deixa prá lá. A vida é movimento e não há nada que a impeça de navegar. O amor pela vida é assim. Seja boa, seja ruim. Ela sempre vida será. No firmamento estrelado ou no buraco negro do coração, aí, ela estará. Plena a pulsar. Folhas ao vento, gaivotas no espaço, seu barco atracado, prontopara zarpar. Navega a vida, pois vida ela sempre será!!
Hoje, o pantanal amanheceu triste. O pantanal onde você nasceu. Tio Arthur nos deixou. Transcendeu a materialidade. Fez-se luz neste amanhecer. Pela comunhão dos santos, vovó China (Adelaide) e vô Joaquim, estarão, aí, para lhe receber. Tia Olga estará também. Agradeço pelo seu coração. Tanta bondade, solidariedade, doação. Um homem empreendedor. Dono do seu destino. Bastante trabalhador. Quando nasceu, um anjo assim lhe assinalou. "Será mesmo um pantaneiro. Correrá ligeiro no caminho do amor"! Batalhador incansável. Descansa, agora, grande guerreiro. No seio do Senhor!! Obrigada por tudo, pela atenção, pelo carinho. Pelo acolhimento ao meu paizinho, seu irmão. Que, hoje, nos representa, aí, nesse pedaço de chão (Corumbá, MS). Sigo, aqui, em oração, em meio aos meus escritos, lembrando de ti. Arthur Pereira da Silva, siga em paz, nas asas de um tuiuiu. Valeu, tio, até algum dia!!
O meu carinho aos primos Noemia, Noirce, Noemi e Arthur Júnior, seus filhos.
Segue uma música que acredito que o senhor conheceu. Afinal, foi, aí, na Cidade Branca que sempre viveu, lugar que sempre amou. A nossa terra natal! : )
Eis que janeiro começou. E quase não conseguimos escrever. O blog abandonado. Início tumultuado. Apesar dos pesares, que seja abençoado. 2012. Primeiro mês. Tio, rezamos por você. Amigo, Feracine, como lhe esquecer?!! Seca, estiagem. O verão aconteceu. Plantamos as sementes. No chão da nossa história. Terra fértil adubada com a poção da esperança. Afinal, diz o ditado: “quem espera sempre alcança”. Quiçá, talvez. Cansar, prá quê?!! Devemos ser como as àrvores. Seres que crescem em paciência, em perfeição. Cedros, ébanos, ipês, goiabeiras, árvores frutíferas com sabor de paraíso. Àrvores que dão sombra, que dão frutos. Ou que simplesmente nos transmitem paz. Noite que nos refaz. Atravessamos os nossos desertos interiores. Para, depois, em baixo de uma bela árvore nos sentar. Parar por um instante. E o silêncio escutar. Aguçar bem os sentidos. Abrir bem os olhos e os ouvidos. Ouvir o sermão das árvores. Ensinamentos sem palavras. Sem verbos nem adjetivos. Apenas a existência, o ser. Aquilo que se apresenta. Sem mais nem menos. Sem acertos nem correções. Essência e existência irrepetível. Árvores, são assim. Tranquilas, mansas, serenas. Como a frase que dizia assim: “Sê como o sândalo que perfuma o machado que o fere”. Sábias criaturas. Longe do falatório dos homens. Onde muito se fala e nada se escuta. Na natureza, no seu silêncio, que tudo diz, ouvimos a sabedoria esquecida. São Francisco estava certo. De tal maneira já escreveu o maravilhoso escritor Rubem Alves: “(...) Acho que o verdadeiro, sobre São Francisco, não é que ele tenha pregado aos peixes e pássaros. A verdade é que ele ouviu o sermão das árvores. Por isso ficou tão manso, tão tranqüilo. Ele tinha a beleza das árvores. Estava reconciliado com a vida. Então os pássaros fizeram ninhos nos seus galhos e os peixes comeram dos seus frutos que caíam na água (...)” (in A música da natureza, pág. 64). Sentar, deitar a sombra de uma árvore. Observar. Viver. Apenas ser!!