Antes do mais, agradeço, de público, a rica contribuição do seu comentário Canto. É assim que começamos a transformação do mundo. A partir de nós mesmos, do diálogo construtivo com os nossos mais próximos. Obrigada! Neste domingo quente e ensolarado, li as notícias dos jornais, assisti às reportagens televisivas. Enfim, todas remetiam ao desastre das àguas seja no episódio do deslizamento do Morro da Carioca, na praia do Bananal, em Ilha Grande, Angra dos Reis/RJ, seja nas cidades paulistanas de Cunha, São Luís do Paraitinga, seja na própria "Paulicéia Desvairada", de Mário de Andrade, na dita Vila Romana, Zona Leste, cujas enchentes a tornam fétida e inacessível; seja nas cidades de Belo Horinzonte e de Juiz de Fora em Minas, seja no episódio da enchente de Duque de Caxias, na conhecida Baixada Fluminense. Em todos os casos, os prejuízos materiais e humanos são enormes. E, realmente, vem à tona os seguintes questionamentos: de quem é a responsabilidade? Até onde, como muito bem disse o repórter Paulo Henrique Amorim, no "Domingo Espetacular", chega a ser somente catástrofes naturais ou interferências desastrosas do homem nessa mesma natureza? Onde estão as autoridades? Onde está o juízo e o bom senso das pessoas? Afinal, como bem disse um cidadão comum em Ilha Grande, não é preciso ser nem geólogo nem engenheiro para saber que as encostas são instáveis e nelas nada se deve construir. Aliás, para isso existe e deveria funcionar o Estatuto da Cidade (lei municipal que planeja o desenvolvimento, a ocupação territorial das cidades). Onde está a fiscalização? As pessoas constroem suas moradias sem qualquer preocupação sem qualquer esclarecimento acerca de um meio ambiente sustentável. Não falta normatização, como muito bem lembrou em entrevista um geólogo, em programa televisivo. Falta vontade política em efetivar o bem comum a todas as pessoas. Falta interesse pelo bem da grande maioria desprovida de conhecimento formal e de análise crítica e analítica da realidade que os cercam. As pessoas que em consequência do movimento de urbanização acelerada e do crescimento desordenado das cidades, são impelidas pela pobreza a construirem suas casas em zonas de morros, de lugares acidentados, em lugares distantes do centro, sem condições dignas de habitação e moradia, deveriam se mobilizar organizando-se e cobrando das autoridades públicas medidas efetivas, soluções imediatas e urgentes para o problema da ocupação irregular do espaço urbano. Não podemos terminar 2010 e iniciar 2011 com as mesmas consequências das enchentes que, certamente, existirão e/ou conviver com os riscos de novos deslizamentos, de mais mortes, destruição, tristeza e dor. Sem dúvida, que o aquecimento das àguas do Pacífico, é fenômeno antigo. Todavia, isso não invalida a constatação de que a intervenção do homem, vem acelerando e contribuindo para os desastres naturais. Afinal, na natureza há uma ordem e uma harmonia estabelecida. E toda vez que tal ordem e tal harmonia é quebrada, ela (a natureza) procura compensar a sua perda buscando uma saída para a agressão sofrida. E, aí, sim, vêm as consequências da irresponsabilidade humana perante o planeta, perante a toda humanidade. Afinal, estamos todos no mesmo "barco", à deriva, em busca de paz e de felicidade. Todavia, os interesses econômicos da especulação imobiliária, do turismo irresponsável, das empresas, dos governos, que somente visam o lucro e vantagem própria, do egoísmo humano, da falta de solidariedade, da ausência de consciência crítica, imobilizam a todos os que se deixam levar pelas ondas do que é ilusório, supérfluo e transitório. As autoridades não fiscalizam, fecham os olhos, lavam às mãos. As empresas de turismo, os empreendimentos comerciais não têm compromisso com o ambiente, com a verdadeira felicidade das pessoas. Ninguém se preocupa com o bem comum. É cada um por si, Deus por todos e o diabo solto, como diz o ditado popular. Muitos veículos da mídia em nada colaboram, exceto alimentar uma ideologia que paralisa a cabeça das pessoas. As leis que não são efetivadas, na prática, também sustentam e mantém o status quo. Nada modificam. Todavia, no mar de toda essa "lama" física e também imaterial, surge as lições que, neste momento, são bastante oportunas já que se trata de um grande geólogo (no meu entender o maior de todos os tempos no Brasil e no mundo), com formação jurídica que trilhou o caminho do magistério, da pesquisa séria e independente, a saber, o baiano, Milton Almeida dos Santos, o maestro da paz e da felicidade para todos. Pois, ensinava o culto, refinado, combativo e crítico professor, que a maior coragem nos dias atuais é pensar. Pensar com a própria cabeça e lutar pelas idéias que incluam a todas às pessoas sem distinção. Sua luta era por uma outra globalização. Uma globalização, com respeito ao meio ambiente, à natureza, com justiça social, com condições dignas para todos. Globalização que unisse todos os homens e mulheres de boa vontade na busca da paz e da felicidade do encontro com o outro, com o próximo. Pois só somos verdadeiramente felizes quando o outro também o é! Então, vamos acreditar e efetivar a lógica da vida, dos valores em função da dignidade de todas as pessoas em primeiro lugar!
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