* Suziley dos Santos da Silva
Perto de completar um ano na "valorosa e leal" capital dos pampas, mesmo com meus afazeres profissionais e domésticos, decidi alçar voo no ofício de escrever compromissada unicamente com minha consciência e com a verdade. Foi, então, que numa dessas leituras matinais do jornal Correio do Povo, encontrei o anúncio da presente Oficina de Crônicas, ministrada pelo veterano jornalista/escritor, Walter Galvani, sobre quem pude tomar conhecimento no precioso livro "O prazer de ler jornal - Da acta dia ao blog", editada pela Universidade do Vale dos Sinos de São Leopoldo. Realmente, escrever bem é uma arte. E que prazer sentimos ao ler uma notícia bem escrita, um verso bem elaborado, uma crônica bem trabalhada. E foi em busca da excelência no ofício de cronista, na arte de bem escrever que iniciei tal oficina. À guisa de um primeiro contato com uma turma tão seleta, defrontei-me com a descoberta de novas preciosidades. Ouvir o mestre, educador que traz em linguagem acolhedora a sua experiência de vários anos como jornalista e escritor; perceber a sabedoria na sua partilha de conhecimentos; realizar a leitura do livro "Crônica: o voo das palavras". Logo, então, constatei que havia chegado ao lugar que sempre havia procurado. Fiquei feliz.
Felicidade autêntica, que ao ouvir a metáfora do voo da gaivota escrita por Walter Galvani, logo veio em minha lembrança a figura de um outro escritor americano (já que também estamos numa das Américas) Richard Bach com seu inesquecível personagem Fernão Capelo Gaivota. Richard Bach é nascido em 23 de junho de 1936, no Estado de Illinois, EUA. Técnico em aviação, piloto experiente, voar para ele sempre foi o seu caminho na busca da verdade. O próprio personagem Fernão Capelo Gaivota não se contentava apenas em voar. Queria muito mais. Desejava ultrapassar o próprio voo. Aprender tudo sobre aquela arte a fim de partilhar com seus iguais os novos conhecimentos. Procurava ser cada vez melhor, assentando suas ações no amor e na compreensão do outro. Fernão Capelo Gaivota, no início, não foi compreendido pelo seu grupo. Foi expulso para longe. Mas, enfim, havia encontrado outras gaivotas que pensavam como ele e que o ensinaram a superar os seus próprios limites. E mesmo rejeitado, Fernão retorna ao seu grupo para compartilhar o que havia assimilado. Eis, aí, a sua lição de vida, o seu exemplo de amor ao próximo.
Enfim, traçando um paralelo entre os dois escritores visualizamos possuirem as seguintes semelhanças, a saber, serem da mesma geração, escritores talentosos, profissionais experientes, americanos (um norte, outro latino), utilizarem a metáfora do voo da gaivota para realizarem com encanto e deslumbramento a arte do bem escrever. Apesar de que Walter Galvani em seu livro específico para tal oficina trata da crônica e Richard Bach traz à vida Fernão Capelo Gaivota num romance escrito como uma parábola moderna. Todavia, em que pese tal diferença, ambos constituem "gaivotas" de primeira grandeza na arte do voo das palavras. Ambos buscam o seu alimento em seus voos certeiros. Ambos são "gaivotas" que inspiram a idéia de liberdade infinita em nosso ser de eternos aprendizes na arte da escrita. Estou aqui. Parafraseando, em trocadilho, o grande general romano, Júlio César, "Vim, vi, cheguei". Vim aprender o voo a gaivota, da gaivota semelhante aquele Fernão Capelo. Assim escrevo. Assim espero.
* Analista Judiciária do TRE/MS, em lotação provisória no TRE/RS.
Porto Alegre, RS, 18 de junho de 2009.
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