domingo, 14 de fevereiro de 2010

Preciosa, uma história de esperança...

O ano novo iniciou na China. Para os chineses este é o ano do Tigre. Por aqui, quem estará à solta, a partir de março, será o Leão com novidades para a Declaração do Imposto de Renda deste ano. Mas como tudo, aqui, no Brasil só começa, de fato, depois de passado o carnaval, resta nos preocuparmos com tais assuntos a partir do dia 17 próximo. Até lá vamos nos contagiar um pouco com a alegria dos sambas enredos. Com a lembrança das inesquecíveis marchinhas de outrora. Pois, ainda, é carnaval. Domingo. E a cidade está vazia. É uma maravilha andar pelas ruas mais descongestionadas. Passear pelos parques mais livremente sem grandes tumultos. Os cachorros agradecem e nós também. Para quem ficou por aqui restou-nos Porto Alegre inteira para desfrutarmos. A Praça Itália. O Parque Marinha. Em ritmo de folia e descontração vale ir ao cinema também. É uma maravilha. Não há filas. Tudo tranquilo. E entre os lançamentos está o filme com seis indicações ao Oscar denominado “Preciosa – Uma história de Esperança” (“Precious”). Um verdadeiro e incisivo drama baseado no livro “Push”, escrito em 1996 pela escritora Saphire. O livro nasceu da experiência vivida pela própria autora, quando trabalhou em escolas alternativas com jovens e adolescentes. O Diretor Lee Daniels tem o mérito de transformá-lo (o drama) em filme. São cenas que calam fundo nas nossas almas pela realidade crua e nua que se apresenta na tela. Trata-se da história de Claireece Precious Jones (Gabourney Gabby Sidibe), uma jovem sonhadora de 16 anos. Ela é negra, pobre, analfabeta, vive no Harlem, bairro pobre de Nova Iorque. Mora com a mãe (Mo' Nique). É vítima, desde os três anos de idade, do abuso sexual pelo próprio pai do qual tem uma filha, Mongo (pois é portadora da Síndrome de Down) e está grávida do seu segundo filho. É maltratada de todas as formas. Físicas, verbais, morais. A escola é sua única porta de salvação. É expulsa da escola “normal” e vai para uma escola alternativa “Cada um ensina a um” onde encontra o seu anjo protetor: a professora Blu Rain. A vida de Preciosa não é fácil. Tem que superar os preconceitos da pobreza, do racismo, do analfabetismo, da violência doméstica, da traição da mãe que torna-se conivente com a agressão do próprio companheiro. Enfim, não é preciso concluir que sua autoestima está em baixa. Não se sente amada, verdadeiramente, por ninguém. Todavia, surge uma luz, uma esperança. O mais lindo naquela tragédia toda é que mesmo sendo vítima da violência em todas as suas cruéis formas, aquela menina negra não perde a sua doçura quando decide ficar com seus dois filhos, custe o que custar. E ela encontra o apoio em pessoas que também são marginalizadas pela sociedade. Colegas que eram rebeldes. Uma professora que é homossexual. Encontra carinho, também, por parte do enfermeiro (Lenny Kravitz) e da assistente social (Mariah Carey). E Preciosa, enfim, rompe e dá um basta a todo o seu sofrimento doméstico. Decide ser feliz. Decide lutar e criar dignamente os seus filhos. Mesmo descobrindo ser portadora do vírus da AIDS, aquela menina-mulher dá uma lição de vida e de esperança. E quantas Preciosas não temos, aqui, lá, acolá? O incesto, a violência sexual, os abusos são crimes dilacerantes. Mesmo na alegria do carnaval, hoje, demos uma pausa. É o que o teatro grego fazia, em suas tragédias: “Fazer chorar para fazer pensar”. E algumas lágrimas nos escapam. Mas, no final, resta a superação magistral de Preciosa e a homenagem, por todos nós, a todas as garotas “Preciosas” do mundo inteiro. Resistam, lutem e agarrem suas próprias vidas com todas as suas forças. Denunciem e digam NÃO a qualquer forma de violência, venha de onde vier. É isso aí. Vamos ao desfile das escolas de samba da cidade maravilhosa...











2 comentários:

  1. Carnaval já não tenho ânimo... realmente, shopping, cinema... tudo bem pacato, ótimooo... mas embora acredite q este filme q indicou seja ótimo, não estou disposta a enfrentar um drama não... vou esperar um pouco p depois assistir!!!!

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  2. Faça assim, então, Daniela. Como quiseres. Realmente, as cenas são bem fortes mesmo. Assista (ou não) quando quiser e puder. Fico feliz com seu comentário e agradeço pela sua participação. Pois como diz a canção: "Fica sempre um pouco de perfume, nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas"! Obrigada Daniela!! Tenha um bom dia.
    Um grande abraço, :)
    Suziley.

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