O palco da consciência...

Ando em falta com minha escrita. Trabalhos, adversidades, dia-a-dia. Rotina. Parecem verdadeiros vendavais. Todavia, escrever é minha sina. Encontro marcado comigo mesma. Lá, no palco da minha consciência. Ali, não há atores nem purpurina. Não há barulhos que contaminam. Nem vozes de gritos e de dor. Há somente um céu azul sob o frescor da brisa suave que toca meu rosto. O som melodioso das ondas que vem e que vão. Natureza divina. Que acalma. Que nos brinda com seu toque de harmonia. Esta é a viagem que empreendo dentro do meu ser. O coração que pulsa no ritmo do tempo. Olho a minha volta, a muito a fazer. Colocar ordem na minha desordem física. Livros, roupas, estantes, casa, pessoas, obrigações, deveres, afazeres contínuos. Fecho meus olhos para escutar com ouvidos de minha alma. Ouço a música tocando os acordes de suave meditação. Uma pausa. Um descanso da correria. Da briga pela vida. Das doenças do mundo. Da incompreensão humana. Vivemos todos os dias tão preocupados. Tão ocupados com as lides da sobrevivência. Esquecemos de nossa essência. Esquecemos de SER. Sermos livres de nós mesmos, livres de tudo e de todos. Apenas por alguns instantes. Momentos que nos restauram. Instantes em que nos largamos nos braços do infinito. Onde tudo pára e só existe o silêncio da oração. A oração que representamos para nosso Criador. O divino que habita em nós. Precisamos encontrar essa fonte que recupera o nosso viver. Que restabelece o sentido da nossa passagem por aqui. Ventos, chuva, garoa, sol, frio, calor, noite escura, dia nublado ou ensolarado. Mistura de fenômenos naturais. Assim são nossos “tempos” terrenos. Somos brisa e tufão. Garoa fininha e tsunami devastador. Acariciamos a face, mas, também arrancamos do peito uma dor que dilacera os sentidos. Somos sementes, mas, também somos o fim da colheita. Frutos passados, perdidos. E precisamos recomeçar. Levantar. Seguir. Ouvir o violão que toca, o piano que nos encanta. Sentarmos na beira da estrada. Pegar carona no cometa da esperança. Imersa nos sentimentos, estou, aqui, sentindo a minha própria vida, o meu próprio coração. Que férias benditas. Parar um pouco. Deixar de lado um milhão de coisas. Desacelerar. Ser, ainda que por um momento, uma filósofa isolada em sua moradia bem distante das contingências inexoráveis da existência humana. Livre, ainda que em teorias. Como disse uma vez, um querido e distinto amigo filósofo, “livre como um pássaro”! Ser livre é aprender a desligar-se do mundo, de quando em vez. Para não sobrecarregar os aparelhos. Não ocasionar um curto-circuito. É preciso saber ouvir a própria voz da consciência em sintonia com a batida de seu coração. Rasgar as velhas roupas da escravidão do desamor, do tédio, da exploração, da enganação. Queimá-las em sinal da nova vida. Vestirmos as roupas do homem novo. Apararmos as arestas do nosso orgulho. Reconhecermo-nos pequenos e frágeis. E ao mesmo tempo, grandes e fortes. Pois é na fraqueza que construímos a nossa fortaleza. Aqui, não funciona a lógica rígida, mas, sim a lógica do amor do Pai. Corremos tanto. Precisamos mudar. Movimento que gira a roda da vida. Gira nosso ser e nos impulsiona a transformarmos a nós mesmos. O corpo está cansado, fatigado, exausto. Por isso venho repousar nas palavras, na escrita que sempre me aponta uma saída. Um refúgio. Um oásis. Uma esperança sempre vivida e sentida. É assim. Ao universo, ao sol, à lua, às estrelas, ao Criador de tudo. Que do nada tudo fez. Entrego minha vida e todo o meu ser. À procura do bem viver. Estou aqui. Com gratidão. Em comunhão. Para novamente recomeçar e partir. Navegar é preciso. Então vamos lá mais uma vez!! Estou aqui. Eu e a minha consciência num cenário de paz e de luz, apesar dos eclipses de escuridão e de trevas. Elas estão dentro de cada um de nós. Entretanto, a luz é mais forte e difusa. Clareia sempre o céu da nossa existência!! Ilumina e aquece. Traz amor e sabedoria. Paciência e bondade. Amém!