quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Os sapos de Tina...

Imagem da Internet



O coaxar dos sapos naquela lagoa de águas tranquilas  trouxe à lembrança momentos da saudosa infância de Joaquina. Tina como era familiarmente conhecida havia nascido em outros tempos, em outras paragens. Ambiente cercado por mata nativa. Rios. Cascatas. Regatos. Campinas. Sabiá nos galhos da laranjeira. João-de-barro, o arquiteto da natureza. E os patos, os bem-te-vis. Recordava-se das lendas, entre as quais, a do Saci. Pererê. Que alegria, como quê!!

Tina, agora, vivia na cidade grande. Rodeada de arranha-céus. Cultura e civilização. Na real, muito mais poluição. Sofria ao ler as notícias das inundações, da devastação, das queimadas do cerrado. Que destruição, matutava. E os dias se passavam. Mas aquilo era sagrado. A alma agonizante ao acompanhar tamanha dor. Dentro de si a harmonia quebrada. As vidas mal tratadas. O povo sofrido. Desgastado. Sufocado. Mal trapilho. Retrato do descaso. Entregue à própria sorte. Que de sorte só na expressão. Pois o destino seguia para o abismo da desolação.

Ação corrosiva e fatal. Corpos e almas remoídos. Desiludidos. As árvores antes tão sadias. Agora, ao chão, caídas. Ocas. Mortas. Desfalecidas. E, Tina, caminhava. E cada vez mais se deparava com desertos de corações. Ah, que saudades daquelas manhãs de domingo (ou segunda, terça, quarta não importava) em que depois das chuvas a sapalhada toda em festa soltava a voz no mais alto tom. Ali, estava Joaquina. Na varanda sentada. Absorta no encantamento pela natureza que a sua volta pulsava. Aranhas teciam os fios das próprias existências. Sobrevivência. Ali, tudo fazia sentido. Havia alarido,  mas,  de satisfação. Ouvia-se a canção de paz.

Riqueza de percepção. O mundo intelectualizado. Tecnologicamente sofisticado. Não obscureceu a visão de Tina. Que já tanto vivida. Ainda guardava no peito as lembranças de menina. Joaquina caminhava passos sequiosos de sabedoria. Ia e vinha. Em incessante rotina. Caminhava, caminhava. E o coaxar ecoava todo santo dia. Em sinfonia inacabada. Dentro de sua alma lagoa. Pois a natureza é uma força mais do que sagrada. Tina, caminhava...e os sapos coaxavam!!

Imagem da Internet


Boa noite! : )


6 comentários:

  1. Que lindo e que bom caminhar com o coaxar, coisa que na cidade, nem pensar!!!beijos,chica

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  2. Adentrei o seu texto e ele me levou para a minha infância. Lembrei-me das tardes-noites de Março, após as chuvas, os sapos pululavam na rua, e as meninas corriam atrás deles, não sei se para beijar procurando o príncipe encontrar. Bjos.

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  3. Oi, Suzy!

    Que conto lindo! A leitura me prendeu a atenção de uma forma prazerosa... Que bom que Tina não se deixou sufocar pela selva de pedra, mas, conseguiu guardar essa lagoa tão preciosa dentro de si, para ouvir os sapos coaxarem sempre que sentisse saudade, e resgatasse as doces lembranças da infância, e da vida alegre, feliz e mais livre de outros tempos.

    Parabéns pela criatividade! Adorei!
    Socorro Melo

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  4. Que lindo amiga,faz tempo que não ouço,quando era crainça dava ate medo hoje em dia eles sumiram rs!

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  5. Eterna beleza nos contrastes poetizada, Suziley.Entre sonho e realidade Tina viaja do passado ao presente em instantes mágicos e saudosos.
    Uma doçura contada.Amei!
    Bjos,
    Calu

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  6. Um lindo dia para vcs, Chica, Eder, Socorro, Marcia e Calu, beijos no coração :)

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